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Cátedra de Educação Básica da USP discute alfabetização de crianças

Colóquio sobre o tema acontece nesta quinta-feira, dia 10, às 16 horas, com transmissão via Youtube



“Alfabetização não é uma questão tranquila neste país. E a formação para alfabetizar crianças é um tanto problemática na universidade: ela se torna mais genérica do que metodológica.”


A declaração da conselheira da Câmara de Educação Superior, professora Bernardete Gatti, exemplifica as preocupações dos profissionais da educação com a formação das crianças nos primeiros anos escolares. Preocupações que serão temas do próximo evento da Cátedra de Educação Básica da USP.


O colóquio Alfabetização de Crianças: Processos e Desafios acontece nesta quinta-feira, dia 10, das 16 às 19 horas, com coordenação e mediação de Bernardete, que também integra o Comitê Consultivo da cátedra. A atividade será on-line e sem necessidade de inscrição prévia, com transmissão através do canal da Cátedra de Educação Básica no Youtube e participação do público com perguntas e comentários pelo chat da plataforma.


“Nós temos algumas formações bem fragilizadas”, comenta Bernardete. “Especialmente aquelas que vêm dos cursos de Pedagogia, cuja maioria já eram cursos a distância mesmo antes da pandemia.” Segundo a professora, a qualidade dessa formação a distância é algo que vem preocupando educadores e pesquisadores e deverá receber atenção no pós-pandemia.


Bernardete explica que o ensino a distância não é necessariamente de qualidade genérica, podendo ser muito bom. No Brasil, entretanto, ele não tem sido objeto de uma organização adequada. “Há um certo consenso entre educadores que você não forma professores para a pré-escola ou os primeiros anos da educação infantil sem o contato com as crianças. Não é um discurso contra a educação a distância, mas sim pensando que precisamos fazer isso de outra maneira”, explica a educadora.


A questão da formação de professores a distância é, contudo, apenas um dos capítulos mais recentes do livro de desafios da alfabetização de crianças. “Nossa história educacional é uma história um tanto triste”, reflete Bernardete. Segundo a educadora, desde a colonização, com as atenções de Portugal voltadas apenas para os interesses comerciais, o Brasil sofre com a falta de investimentos em educação. “A educação nunca foi uma preocupação muito grande”, comenta.


Conforme explica Bernardete, com o movimento republicano surgiram também iniciativas para alfabetizar a população. Entretanto, uma vez proclamada a República, não houve ensaios para se melhorar a educação e atingir um maior número de crianças. Essa ausência é lembrada pela professora como um dos antecedentes do famoso Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932.


A situação difícil da alfabetização continuaria, ainda assim, por mais algumas décadas. “Nós chegamos em 1950 com cerca de 50% da população analfabeta, segundo dados do IBGE”, assinala a professora. Uma dívida histórica que só começaria a ser resgatada a partir dos anos 1970, mas que não foi acompanhada no mesmo ritmo por uma formação dos professores. “Nós não tivemos uma política clara de apoio aos cursos superiores para formar professores para os primeiros anos do ensino fundamental.”


Vale lembrar que, por anos, a formação desses professores acontecia nas chamadas Escolas Normais, com um nível de formação equivalente ao que hoje é o ensino médio. Com o fim das Escolas Normais, o primeiro contato com o aprendizado voltado aos anos iniciais se dá diretamente no ensino superior. “As pessoas que chegam a esses cursos não têm formação anterior nenhuma e o curso de Pedagogia é a primeira formação dessas pessoas”, explica Bernardete.


O contexto histórico da alfabetização no Brasil e seu legado são apenas um dos temas do colóquio, que abordará também a questão da aprendizagem da leitura tanto em sala de aula como fora dela e também tratará das visões teóricas sobre o tema.


Ao lado de Bernardete, que fará a mediação, estarão presentes a fundadora e presidente do Laboratório de Educação Beatriz Cardoso, a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Isabel Frade, o professor do Instituto de Psicologia (IP) da USP Lino de Macedo e a professora da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e presidente emérita da Associação Brasileira de Alfabetização (Abalf) Maria do Rosário Mortatti.


O colóquio Alfabetização de Crianças: Processos e Desafios, promovido pela Cátedra de Educação Básica da USP, será realizado nesta quinta-feira, dia 10, das 16 às 19 horas, com transmissão através do canal da cátedra no Youtube. Sem necessidade de inscrição. Haverá certificado de participação.


Cátedra de Educação Básica oferece minicursos neste mês


Neste mês acontecem os três últimos minicursos do semestre do ciclo Educação Básica: Práticas e Didáticas, organizado pela Cátedra de Educação Básica da USP. As atividades ocorrem nos dias 15, 17 e 29, sempre das 19 às 21h30.


Os minicursos são transmitidos pelo canal da cátedra no Youtube, sem necessidade de inscrição prévia e com atestado de participação. Cada minicurso é independente e pode ser assistido isoladamente.


Nos dias 15 e 17, os professores Daniel Puig e Valter Costa falam sobre métodos de abordagem interdisciplinar, a partir das experiências na Rede Municipal de Educação de São Paulo durante as administrações de Luiza Erundina (1989-1992) e Fernando Haddad (2013-2016). Completa a ementa dos dois minicursos uma discussão sobre currículos que valorizam o conhecimento do território e interdisciplinaridade. Já no dia 29, o professor Nílson Machado encerra o semestre abordando a trajetória e as ideias do pensador espanhol José Ortega y Gasset.


A programação completa dos minicursos, incluindo a grade das atividades para o segundo semestre, que começa em agosto, pode ser acessada em www.catedraeducacaousp.org/minicursos2021.


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